terça-feira, 28 de maio de 2024

 SORTE  


Entendes que desentendo a linguagem do mundo?

Entendes que subentendo de pouco um tudo?


O rumor do caos fluindo no descampado

insinua-se em frestas de lofts embrutecidos.


Não há pontes que se estendam do nada ao nada.

Nem há clareiras em desertos infinitos.


Em lombo de imensidão que se oferece fardo,

somos condenados a sede, fome, coceiras de mosquitos.


Entendes que não nos contenta, é prejuízo,

calarmo-nos, contermo-nos, submetermo-nos ao largo?


Sorte é a de sermos sempre ou vez por outra 

a poesia simples do dividir o tacho

e, em silêncios, zaps, libras, o que for, diacho!,

servirmo-nos plenamente à mesa-idílio,

honrarmos almas com o vinho maturado

e largarmos a escopeta bem no fundo do estribilho.


(Vera Versiani)

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