terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Feras de lugar nenhum




"Feras de Lugar Nenhum", de Uzodinma Iweala / ed. Nova Fronteira.



Um soco no estômago.

É a definição cabível para este livro.
Há coisas nesta vida que mal imaginamos que possam existir. 
Para isso se faz necessário alguém, como o autor (Uzodinma Iweala nasceu em 1982, ou seja, tem hoje 32 anos) para nos trazer à tona uma realidade trágica, cruel, uma faceta do que amiúde criamos cega e insanamente em nosso mundo de medos, violências, inconsciências, ignorâncias, sofrimentos, tristezas que preferimos jogar para debaixo de nossos tapetes egoístas ainda circunstancialmente protegidos.

Um texto vigoroso, com uma escrita simples, de velocidade alucinante, que não nos deixa largá-lo nem por um minuto da primeira à última linha.


Uzodinma Iweala é hábil, poderoso em sua função de escritor, mas vai muito além do que minha expectativa de leitora pode almejar: abre mundos, revolve vísceras, faz refletir e me coloca definitivamente no sempre necessário movimento construtivo na superfície desta terra. Pede ações, urgências, óbvias atenções, indignações expressas e transparentes.


A ternura que forra o suor e sangue da narrativa me impulsiona ainda mais profundamente na direção da procura eficaz de mecanismos para a construção de alicerces para o bem, para o amor, para a resistência.