terça-feira, 26 de junho de 2012

A Árvore da Vida



Revi A Árvore da Vida, de Terrence Malick.

Renovo o encantamento.

Fotografia artística de primeira grandeza, bem cuidada, um show à parte, com o diretor de fotografia, Emmanuel Lubezki.  Cada centímetro de cena trabalhado em prol de um resultado fotográfico que não é a criação de imagens inusitadas de lugares inexistentes ou dificilmente visitados, mas lugares comuns onde meus pés tropeçam a cada instante, onde o homem transita em seu dia a dia desde sempre.

A cena das aves, incontáveis pontos negros em movimento num urbano entardecer, é de uma beleza abençoada e penetrante. E trivial. Como tantas outras referências do belo a que somos submetidos do início ao fim do filme. Tudo de um apuro magistral, poético , perfeito.                  Lindo. Lindo.

O filme pode parecer triste a quem é pego de surpresa pela densidade emocional e reflexiva, mas encanta com a enormidade de sua beleza. Aquece e engrandece nosso íntimo com nutrientes espirituais. A música “silenciosa”, calma e sutil é perfeita na composição de todo o quadro.

Há um incômodo, um desassossego familiar. Somos levados a um passeio dentro de nossa própria alma.

O filme conta minha história. Sou eu o testemunho da dor e do mistério do enfrentamento que é o viver. O roteiro é arrancado a fórceps do meu peito. Não há a maciez ou o alívio de uma distância.

Os menores de cinquenta anos, os de cueiros, terão certamente mais dificuldade em entender ou alcançar a profundidade dessa obra.

O mundo tratado é o de hoje, o de ontem ou o de amanhã. Palpável, acessível, corriqueiro.  E o som, tão familiar quanto o que possivelmente ecoa nos canais de ressonância de nossas artérias e conexões sinápticas.

As imagens são tocantes e arrebatadoras: pulsão de vida e morte num contínuo de luzes, sombras e reflexos, que são fotografias de buscas, medos e esperanças esculpidos em nossas desnorteadas lembranças.

O filme levanta questões profundas sobre a possibilidade de coexistência de conceitos como Deus, bondade e justiça num mundo povoado de tragédias, equívocos e maldades.

É um tratado magnífico sobre tudo o que nos concerne. Fala sobre amor, sexualidade, infância, amadurecimento, violência, inexorabilidades, segredos que nunca serão segredos, revelações, impotência e medo, reconhecimento e humildade.

É um filme grandioso.








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